terra
das
nossas
crianças


Realizou-se nos passados dias 22 a 26 de Novembro de 2015, em Nairobi, Quénia, uma conferência continental sobre a usurpação das terras e governação justa. A Comissão Diocesana da Justiça e Paz de Nacala esteve representada.
Esta conferéncia, organizada pela SECAM (Simpósio para as Conferéncias Episcopais de África e Madagascar), AFJN (Rede de Fé e Justiça de África), AEFJN (Rede de Fé e Justiça de África e Europa) e CIDSE (Aliança Internacional das Agéncias de Desenvolvimento Católicas), teve como objetivo reunir lideranças das Igrejas, organizações da sociedade civil, lideranças de justiça e paz, organizações ligadas à fé e ativistas na área de terras de todo o mundo, em especial alocados em África, para mapear estratégias de práticas para combater este problema, e assim garantir que os filhos e filhas de África possam ter uma vida mais digna, pois há um provérbio africano que diz: “a terra não nos pertence, nós a emprestamos das nossas crianças”.
A Diocese de Nacala foi convidada também a partilhar um dos casos de usurpação de terras que tem acompanhado. O caso selecionado foi o de Nacololo, comunidade pertencente à Paróquia Imaculado Coração de Maria, de Carapira. Esta comunidade tem sofrido com um investidor sul-africano, com a empresa de nome Alfa Agricultura, que tem cultivado soja em uma área de cerca de 600 há (seiscentos hectares), antes de posse da empresa algodoeira SANAM, mas que, desde a sua chegada, vem tentando ocupar áreas cultivadas pela comunidade desde os tempos remotos da colonização, alegando que o seu documento contempla uma área de 1.000 hectares. A comunidade organizou-se e apresentou o caso ao governo do Distrito. Também elegeu um grupo de 10 (dez) camponeses e camponesas que representa a comunidade no diálogo e negociações desta situação.
A comunidade foi ouvida pelas autoridades distritais e provinciais em um encontro no passado Dezembro de 2014, apoiada pela Comissão Diocesana de Justiça e Paz, onde foi ordenado ao investidor que interrompesse as atividades nas terras da população até que se comprovasse a demarcação. Até aqui não foi verificada, mas também o investidor não voltou a invadir as áreas da comunidade local. Além do caso, partilhou-se com os demais participantes a metodologia e estratégias utilizadas pela CDJP na capacitação dos animadores de Justiça e Paz e do trabalho de consciencialização e formação das comunidades nos seus direitos sobre a terra, com as brochuras informativas e a capulana produzida pelos animadores diocesanos com a mensagem de que a terra não deve ser vendida.