CARTA
PASTORAL
2015
Caríssimos Párocos e Padres,
Irmãs e Irmãos Consagrados,
Leigos Missionários,
Famílias cristãs e Jovens
A graça e a paz de Deus Salvador estejam sempre convosco.
Em pleno jubileu de Ordenação Episcopal quero apresentar aqui o Plano Pastoral Diocesano para 2015 e dirigir-vos também uma palavra amiga de pai e pastor como Bispo desta Igreja particular de Nacala.
No passado mês de Novembro reuniu-se no Centro diocesano da Carapira o Conselho Diocesano de Pastoral, com 52 membros representativos das três zonas pastorais da nossa Diocese. Foi um momento muito oportuno para buscar inspiração, fazer avaliação, reflexão e planificação. Assim, depois de ouvir e analisar o que foi dito no Conselho, exponho aqui a orientação pastoral para toda a nossa Diocese.
Um motivo maior
(momento de inspiração)
A vida é uma surpresa constante, e cada dia somos brindados com imensas maravilhas das mãos de Deus. Isto acontece tanto a nível pessoal como a nível comunitário e diocesano. Na verdade, não faltam motivos para a festa, mesmo que ainda sintamos muitas limitações a diferentes níveis. Assim, queremos desde já fazer a preparação dos 25 anos da nossa Diocese para que seja uma grande celebração festiva.
Para melhor vivermos este momento é sempre bom olhar o que diz a tradição e a revelação bíblica. Aí se diz que a festa do jubileu é um momento de ação de graças pelas maravilhas que Deus realiza no meio do seu povo. Por sua vez, há outros elementos concretos que caracterizam esta festa jubilar, tais como o cancelamento das dívidas, o restabelecimento da harmonia social, o perdão (perdoar e sentir-se perdoado), a verdadeira comunhão com Deus, etc... (cf. Lv 25; Dt 15; Ex 23,10).
Igualmente, no seguimento da missão profética de Isaías, o jubileu é um tempo propício para novas iniciativas e um renovado anúncio evangélico de «levar a boa-nova aos que sofrem, curar os desesperados, anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros, proclamar um ano da graça do Senhor». (Is 61,1-2). Isto mesmo é o que queremos viver aqui na nossa Diocese, e este é o tempo favorável.
Como sabem, eu já estou celebrando o meu jubileu que culminará em Junho, completando 25 anos de Ordenação Episcopal. Precisamente nessa data, iremos dar início ao jubileu da nossa Diocese que em Novembro de 2016 também completará 25 anos. Desde já fazemos votos para que todos possamos aproveitar este tempo como uma graça de Deus para nos renovarmos e comprometermos sempre mais com Jesus Cristo e o seu Evangelho.
Fazer o ponto da situação
(momento de avaliação)
Olhando o que foi o ano pastoral 2014, verificamos que muitas atividades se realizaram e muito esforço foi feito no sentido de levar a cabo aquilo que planificamos. No entanto, constatamos também que ainda muitos aspetos necessitam ser consolidados antes de avançarmos para novos desafios. Sabemos que mais vale ir devagar e bem, do que depressa e mal. Porém, não podemos ficar parados, mas seguir a um ritmo certo que possa marcar um verdadeiro crescimento e avanço na fé em todos os sentidos.
A prioridade da Família, a participação e transparência económica (dízimo) e o compromisso sociopolítico (após eleições) permanecem como prioridades a consolidar neste ano 2015. Igualmente o reforço de algumas comissões diocesanas de pastoral, bem como a dinamização das mesmas, é outro assunto a reforçar neste ano pastoral.
Assim, vamos continuar com o mesmo Plano Pastoral de 2014, fazendo apenas alguns ajustes necessários em atenção à nova realidade eclesial e social deste novo ano. O jubileu da Diocese e o Ano da Vida Consagrada são essa novidade mais saliente no novo Plano Pastoral. Deste modo, «Construir sobre a rocha» continuará a ser o nosso lema, o qual nos convida a edificar bem cada um dos espaços que Deus nos concede, em especial a família e a comunidade cristã.
Um olhar atento à realidade familiar e social
(momento de reflexão)
Sem dúvida que para uma boa planificação é necessário uma reflexão séria e profunda. Algum trabalho está sendo feito nesta área, mas aqui quero deixar também uma palavra de estímulo para que essa reflexão continue a ser feita, pois só assim poderemos melhor enfrentar os desafios que a sociedade e a Igreja nos apresentam.
Neste sentido, gostaria de reafirmar que a Família é a base da sociedade e da Igreja. Tanto o Sínodo dos Bispos (Roma, Outubro 2014), como o primeiro Congresso Nacional da Família (Beira, Setembro de 2014) afirmaram que a Família é um valor fundamental e nos traz grandes desafios. Na verdade, a Família é dom de Deus que tem origem no Seu amor criador e está chamada a tornar-se santuário de vida onde se promovem os valores do Evangelho. O exemplo da Família de Nazaré na vivência da unidade, indissolubilidade e fidelidade, é uma referência para cada família e cada casal da nossa Diocese.
Mas também sabemos que muitas vezes as nossas famílias são contrariadas por fraquezas e pecados, que necessitam ser reparados a fim de se restabelecer a ordem original do Criador. Assim, a desconfiança, a infidelidade, o divórcio, o aborto, a irresponsabilidade, e outras coisas mais, são elementos que destabilizam a família cristã, face aos quais devemos assumir uma atitude pastoral mais eficaz. A crise nas famílias gera uma sociedade e uma Igreja em crise.
Sabemos também que a Família (Nloko) é um dos pilares da nossa cultura que temos de preservar e potenciar. Por outro lado, para haver família precisamos de um lar (nthoko), onde homem e mulher, após acordo de famílias recebem a confirmação do Sacramento do Matrimónio, e assim os dois formam uma só carne. Outros aspetos do casamento tradicional são ainda relevantes para a família e que é bom sempre lembrar: a hospitalidade, a corresponsabilidade, o perdão, a paz, etc...
Em segundo lugar gostaria de dizer que socioeconomicamente Nacala ocupa uma posição estratégica que está sendo muito valorizada por empresas nacionais e multinacionais. Estamos no coração do Corredor económico do Norte, onde a valorização do Porto marítimo de Nacala, a renovação do Caminho-de-ferro, o novo Aeroporto e a futura Refinaria (pipe-line) são elementos que estão transformando a realidade económica e social de Nacala. Pessoas e bens movimentam-se em grande escala nesta área, e não sabemos ao certo onde vai parar.
Mais ainda, não se trata apenas de uma transformação na área da cidade portuária de Nacala, mas de toda a área da nossa Diocese. Há megaprojetos, como o Prosavana, o Vale do Lúrio e outros, que tocam a nossa realidade existencial (tempo e espaço), e irão alterar o nosso estilo de vida. Como Igreja queremos manter a posição favorável a todas as iniciativas que geram verdadeiro desenvolvimento, que por sua vez vai em benefício de todos. A nossa opção será sempre pelos pobres cujos direitos são ignorados ou violados em favor de um crescimento económico desenfreado. Por isso, qualquer projeto de desenvolvimento que não favoreça integralmente o nosso povo, deve ser questionado.
O acontecer de todas estas coisas está a gerar também uma mudança na maneira de entender a comunidade cristã. Como tal, precisamos de voltar ao ponto de partida das nossas comunidades ministeriais, onde o serviço gratuito e a misericórdia parece que foram abafados pelo poder e o legalismo. Precisamos de mais formação humana e cristã, de investir na capacitação dos agentes de pastoral. A mobilidade humana que estamos a viver requer também uma resposta pastoral que dê mais atenção às periferias e que se valorize a inclusão de todos. Temos de nos empenhar em formar uma «Igreja de portas abertas», como afirma o Papa Francisco.
Enfim, estamos a viver uma nova realidade socioeconómica onde apenas apontamos alguns elementos, na certeza que outros pontos merecerão mais tarde uma outra reflexão. Às famílias e comunidades peço que revejam o seu compromisso evangélico para que em comunhão eclesial e participação social ativa possamos ter uma ação mais eficaz e eficiente.
Em caminhada sinodal
(momento de planificação)
Diante desta realidade que nos envolve precisamos de assumir uma atitude sinodal. Isto é, caminharmos todos juntos pelo mesmo caminho e ao mesmo tempo. Para isso apresentamos aqui o nosso Plano Diocesano de Pastoral que, como já referi, é o mesmo do ano anterior, apenas com algumas alterações de acordo com a nova realidade eclesial e social.
Mesmo assim, chamo de novo a vossa atenção para o tempo de jubileu que iremos viver a partir da metade deste ano, até Novembro de 2016. Uma equipa preparatória irá dinamizar e envolver ao máximo as comunidades para que todos tenhamos a oportunidade de nos renovarmos interiormente, pois, só assim transformados, cresceremos ainda mais na fé e a manifestaremos firme e fielmente.
Como resultado da nossa caminhada em Igreja, recordo que estamos em pleno Ano da Vida Consagrada que o Papa Francisco decretou em toda a Igreja. Uma parte significativa dos agentes pastorais da nossa Diocese são Padres, Irmãs e Irmãos Consagrados. Com eles queremos também «fazer memória agradecida do recente e do passado; abraçar o futuro com esperança, e viver o presente com paixão». Cada Família Religiosa que chega na nossa diocese é um dom inestimável que agradecemos a Deus.
Além de tudo isto, vamos também organizar momentos formativos para todos os padres (diocesanos e religiosos). Assim, estão previstos dois encontros que não são facultativos, mas obrigatórios, onde todos devem participar (terça-feira da Semana Santa e 3-4 de agosto). É verdade que estamos ocupados com muitos afazeres, mas para uma maior e melhor fecundidade apostólica sentimos que é necessário aprofundar a nossa espiritualidade sacerdotal.
Este ano irá iniciar no Centro diocesano da Carapira o 4º Curso Pastoral de Formação de Formadores das nossas paróquias. A formação laical é uma necessidade e uma urgência imprescindível, na qual todos nós devemos estar envolvidos. Na verdade, este poderá ser um dos meios para uma renovada evangelização, uma catequização mais cuidada, uma formação cristã mais profunda, uma preparação catecumenal mais rigorosa em vista de uma participação eclesial e sacramental mais consciente e comprometida.
Caros irmãos e irmãs da diocese de Nacala temos muitos motivos para vivermos um ano pastoral de maneira intensa. Sei que vai muito longa esta carta pastoral, mas os acontecimentos assim o obrigam. Mas, muito mais do que palavras, são os atos concretos e gestos significativos que marcarão todo este novo ano pastoral, e acredito que serão sinais proféticos para todos nós.
Disponibilidade e gratuidade
(momento de ação)
A última palavra é dirigida a todos, em geral, e a cada um, em particular:
Às Comissões diocesanas de Pastoral faço um apelo para se reorganizarem (em especial as comissões de liturgia, educação, cáritas, saúde, ecumenismo e diálogo inter-religioso) no sentido de melhor dinamizarem as diferentes áreas da nossa ação pastoral diocesana. A colaboração e participação nestas comissões requerem disponibilidade e coordenação por parte de todos os agentes pastorais. Apelo a que sejam generosos nesta entrega.
Às Zonas Pastorais (Carapira, Erati e Nacala) convido a prosseguir o vosso empenho eclesial de criar mais proximidade entre todas as paróquias rumo a um modo de proceder caraterizado pela comunhão eclesial. Assim, nenhuma paróquia se sinta excluída desta participação nem se abstenha de dar a sua contribuição, mas todos se esforcem por fazer uma caminhada sinodal.
Às comunidades ministeriais e paróquias insisto na disponibilidade e gratuidade para viver esta missão. Mantenham sempre vivo o espírito missionário, olhando para além do próprio recinto geográfico, tornando-se verdadeiros lugares de vivência dos valores do Reino. Procurem uma nova maneira de revitalizar cada um dos ministérios trabalhando pela inclusão e olhando de modo especial os mais desfavorecidos.
Às Famílias cristãs reafirmo o meu interesse e prioridade pastoral. O compromisso fiel do casal, o diálogo contínuo, a transparência quotidiana, a par da educação cristã dos filhos são a melhor maneira de fazer frente à desagregação do lar e às influências negativas do exterior. Tudo isto se completa e se torna possível graças à oração familiar de cada dia.
Aos jovens que são a parte populacional mais elevada da nossa Diocese confio o futuro da Igreja de Nacala. Dentre vós sairão os novos padres e irmãs, animadores e animadoras que irão pastorear esta grei. Estai atentos ao apelo do alto que convida a trabalhar na machamba de Deus através de uma entrega total e generosa. Não tenhais medo de responder afirmativamente quando Deus vos chamar.
A todos os agentes pastorais da nossa diocese deixo um apelo para cuidar da formação permanente como forma de nos mantermos sempre atualizados e prontos a dar as razões da nossa esperança. O poder do conhecimento é uma força incalculável, quando bem direcionado transforma o mundo e a Igreja.
A todos os cristãos da Diocese de Nacala, homens e mulheres, idosos e crianças, doentes e migrantes, catecúmenos e discípulos missionários, a minha bênção em Cristo enviado do Pai e encarnado no seio de Maria pela ação do Espirito Santo, e hoje manifestado a todos os povos.
Nacala, 4 de Janeiro de 2015, Solenidade da Epifania do
+D. Germano Grachane
CALENDÁRIO
2016
HINO DO JUBILEU DIOCESANO
SIMPÓSIO JUBILAR
25 ANOS DA DIOCESE DE NACALA,
O PASSADO E O FUTURO
Formação de formadores, semana III, na Carapira
08
AGO
Encontro zonal da família, em Alua
09
AGO
Retiro diocesano, na Carapira
21
AGO
Peregrinação diocesana ao Santuário de Alua
10
SET
NÚMERO DE VISITAS
Congresso diocesano das mamãs, em Netia
17
AGO
12
SET
Encontro zonal de catequistas, em Mueria